sábado, 19 de janeiro de 2013

Janeiro de 2013


Devo começar a escrever aqui me desculpando pelo o tanto tempo que estou sem escrever. Isso não quer dizer que não tive tempo, que nada de interessante aconteceu ou que me faltou vontade. Mas para mim, dentro da minha cabeça, o último texto que escrevi foi mais ou menos há duas semanas, mas na verdade foi há meses. Alguma vez eu já disse que o tempo em Coimbra corre diferente? Pois.

E este semestre, seguindo o calendário acadêmico, está se encerrando e eu nem o vi passar. Digo isso porque às vezes sinto tanta saudade dos meus amigos que já se foram, que me parece que eles partiram de manhã, e agora, mais uma vez, o processo de despedida está reaberto. 

Porém, no meio disso tudo ficam registrados na minha memória (memória é um lugar muito mais resistente do que um pen drive ou uma HD externa) grandes momentos. Entre eles essa história de readaptação, de ter que conhecer novas pessoas, viver na mesma casa, mas com pessoas diferentes. Das coisas mais marcantes do semestre ficam: os jantares aqui na nossa cozinha, o camping, o dialeto cabido-bigornês, Londres, Guernica,  a pancada do meu joelho na mesa de centro do hostel de Oslo, as oito disciplinas que loucamente resolvi me matricular, as fotografias, a "aula" de medicina legal...

Neste semestre também fiquei mais tempo dentro do meu quarto, convivendo exatamente comigo. A loucura de Coimbra, lá em baixo na Sé Velha, e eu aqui. Passar um tempo sozinha quer dizer passar um tempo com as palavras, com os desenhos, com as imagens e claro, com o futuro, com os planos.

E entre todos esses fenômenos de um intercâmbio, e entre todas as despedidas que passei e ainda vou passar, estou iniciando o meu último semestre. O que é algo tão sinistro quanto o primeiro semestre.

E só me dei conta disso exatamente quando acordei no dia 1 de janeiro, e mais, ainda não fui a Itália e nem a Paris. Coimbra, desacelere esse relógio. 

2 comentários:

  1. Engraçado. Eu venho pensando sobre esse tempo que passa de uma maneira desenfreada já há alguns anos. Não sei se Coimbra tem algo de extraordinário em sua relação com a cronologia, mas, eu, que nunca saí de nossa província, tenho a sensação de que o tempo nunca é suficiente. Olho para minha estante abarrotada de livros e filmes. Quais ler ou assistir primeiro? Será que vou degustá-los algum dia? O que me impede de fazê-los? Haverá tempo?

    Adoro os seus textos, Rafaelle. São como uma massagem no meu cérebro. Por causa desse, em específico, vou retomar os caminhos das veredas mortas de Guimarães Rosa, que estão encalhadas aqui, do meu lado, há mais de um mês, pedindo por serem finalizadas.

    Que minhas leituras e suas viagens se realizem. Independente do tempo restante.

    Abraço.

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  2. Pois é! E acho que chegou a minha hora também.

    Se de tudo fica um pouco como diria o meu xará, digamos que o camping e o dialeto cabido-bigornes são o que ficam mais.

    Beijos,

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